RE=edirecionamento

quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

Mensagem de Final de Ano


 

              O tempo passa rápido e quando vimos o Natal novamente bate na porta, anunciando que um ciclo se fecha e vem ai um Novo Ano com novas promessas que traçamos para nós mesmos, assim, pensamos em recomeços, novas metas, novos sonhos que se juntam aos antigos....nesse ritmo a vida prossegue... os anos passam, a humanidade enredada na pressa e no corre-corre, afastamo-nos do essencial: momentos com a família, amigos, um bate-papo informal, boas risadas, passeios, dançar, viajar, contemplar a natureza, o raiar do dia, o entardecer dourado, o voar tranquilo de uma borboleta, a beleza de uma flor, a imensidão do mar, caminhar de mãos dadas, pés na areia.. simplesmente permitir-se viver buscando o equilíbrio entre  TER e SER...viver... prazeres que fazem toda a diferença nesse cotidiano estressante e que tornam os obstáculos mais leves, porque nossa capacidade de enfrentamento estará renovada e fortalecida por esses prazeres...parece tão fácil não é?...e por que não fizemos?... por quê???...

 

             A vida está sempre nos colocando diante de perguntas, não podemos ficar indiferentes a isso,  portanto cabe a nós ficarmos atentos a estes questionamento, por que podem ser um apelo para uma reflexão sobre o modo como estamos conduzindo nossas vidas, sobre o quanto estamos nos amando e respeitando, respeitando nosso ritmo, nosso tempo, nossa história, nossa singularidade, evitando comparações pelo simples fato de sermos únicos em nosso modo de ser e agir.

 

             Então cabe aqui uma pergunta: - “O que me faz feliz?...O que me motiva?...O que faz meus olhos brilharem?...”. Procure responder essas perguntas, tire um tempo, alguns minutos, permita-se ter uma vida mais prazerosa, mas comprometa-se verdadeiramente com você, com o que te faz vibrar.

 

Na verdade, temos enquanto humanos, uma necessidade que ultrapassa qualquer forma de poder e fama, que é a necessidade de sermos amado, de sermos aceito. Então podemos dizer que o fundamental é exercitarmos a aceitação do outro na convivência, respeitando suas diferenças, pois sem essa aceitação, não há fenômeno social. E ainda mais, o amor é a maior força do universo, é a emoção central na história da evolução humana, condição necessária para um desenvolvimento físico, mental, social e espiritual.

 

A todos desejo um NATAL E UM 2013 ABENÇOADOS!
 

 

Um abraço a todos meus queridos leitores e até mais.

 

Angela Antoneli

terça-feira, 18 de dezembro de 2012

COMO MOTIVAR SUA EQUIPE


 
 
  “Como líder, você é fundamental para o ambiente motivacional.”
 
Acredita-se que a habilidade para motivar pessoas é fundamental para aqueles que ocupam cargos de liderança, embora ser um motivador implica um modo de ser, de estar no mundo e a maneira que estabeleço relações interpessoais.
De acordo com Barrow, citado por Weinberg & Gould (2008), a liderança pode ser entendida como um processo comportamental com a finalidade de influenciar indivíduos e grupos na direção de metas estabelecidas. Portanto, entende-se que no contexto esportivo pode-se incluir tomar decisões, motivar os jogadores, dar feedback, estabelecer relações interpessoais, de modo a dirigir o grupo ou a equipe com confiança.
Após esse breve entendimento, iniciamos neste artigo “maneiras de motivar as pessoas”, como segue:
Ø  Conheça seus atletas, procure saber quais os motivos que o levaram a estar praticando este esporte. Entenda que cada pessoa é única, portanto para aumentar a motivação, estruture ambientes de treinamento que satisfaçam as necessidades de todos os participantes.
 
Ø  Você pode até ser um técnico propenso à irritação, ficar “em cima”dos atletas, porém na hora certa, dê aquele “Reforço Positivo” tão necessário, enalteça as habilidades e potencialidades de seus jogadores. Palavras tem o Poder de Transformar Pessoas, ACREDITE!!!
 
Ø  Entende-se que fundamental para motivar sua equipe é a habilidade de comunicação. A grande maioria dos técnicos se preocupa com a linguagem verbal e não têm idéia da potência que existe na comunicação não-verbal.
 
Ø   Bons líderes estão abertos às idéias de sua equipe, sendo que sua habilidade motivacional está atrelada à capacidade de fazer grandes perguntas que ajudem a traçar estratégias e a obter sucesso, por exemplo: -“O que precisamos fazer para que nosso time se envolva mais com o sucesso do clube? O que vocês pensam sobre isso?”...
 
Ø  Faça o fundamental primeiro, não faça suas tarefas de qualquer jeito, oriente sua equipe a fazer as suas atividades passo a passo, comprometidos com seu fazer. O que é fundamental no jogo e/ou em uma competição?...Como posso explorar mais essa jogada/movimento?...execute muito bem o básico, mas coloque o fundamental como prioridade.
 
Ø  Motive fazendo, seja um líder que faz, tenha ação e atitude, motive pelo exemplo.
 
Ø  Conheça os pontos fortes de seus atletas, enalteça-os, potencialize suas habilidades e ajude-os a desenvolver suas deficiências, sempre com feedbacks a cada conquista.
 
Ø  Use feedback sempre, todos nós precisamos ser reconhecidos, melhora nossa auto estima, faz parte das necessidades humanas.
 
Ø  Fale a verdade! Grandes líderes dizem a verdade mais rapidamente que outras pessoas. Pergunte-se: “Se eu fosse meu atleta, como gostaria de ser tratado?...Gostaria de ser enganado, ou quero saber a verdade?”...Coloque-se no lugar do outro.
 
E mais, liderança é uma habilidade, apresentamos neste artigo algumas maneiras de motivar sua equipe, todavia poderíamos elencar uma variedade de outras formas de motivação, pois existem muitas maneiras de motivar pessoas, sendo que aqui colocamos apenas algumas sugestões, mas que já fazem uma grande diferença junto a sua equipe.
 Uma boa leitura e um grande abraço!
Até mais...
 

sábado, 13 de outubro de 2012

O QUE FAZER COM O MEDO?


 

Entende-se que por trás da ansiedade, raiva, angustia, tristeza, violência, falta de confiança em si próprio está o MEDO, medo de não ser aceito, medo de não conseguir, medo de não ser capaz, e tantos outros medos que poderíamos enumerar aqui. O MEDO quando muito INTENSO pode ser PARALIZANTE.

Certa vez, assistindo a um jogo de futebol, ouvi  o seguinte comentário: -“parece que tal jogador está com as pernas duras, amarradas.” Bem, ai está a linguagem do corpo expressando as emoções do jogador,  a comunicação não-verbal,  a qual não conseguimos controlar, pois muitas vezes é involuntária, surge de nossas emoções e são respostas do inconsciente, do qual não temos domínio.

Para fazer uma analogia a fim de entendimento, digamos que o inconsciente é o sótão de uma casa, um lugar em que depositamos muitos entulhos, coisas que não usamos no dia-a-dia, um lugar que dificilmente visitamos, mas ele existe na casa, está lá cheio de coisas, de lembranças, coisas do passado, teias de aranha, que muitas vezes não queremos ver e tão pouco saber de sua existência. Ñão queremos saber  porque pode ser que  um dia em nossas vidas esses episódios foram traumáticos, abriu-se  uma ferida, da qual queremos esquecer e, muitas vezes, de tão intensa e sofrida que foi a experiência simplesmente apagamos da memória, todavia está lá, no sótão, no inconsciente.

O termo inconsciente foi estudado e amplamente divulgado com o surgimento da Psicanálise, conhecida como metapsicologia (devido ao objeto de estudo), tendo como seu principal expoente, considerado o pai da Psicanálise, Sigmund Freud (1856-1939).  Resumidamente, na Psicanálise o Aparelho psíquico ( 2ª  tópica) pode ser dividida em: Ego (conjunto de funções e representações); Superego ( leis e normas impostas pela sociedade e sistema cultural, sistema de crenças de uma cultura, noção de certo e errado, normas,  ameaças, castigos, limites, etc...); Id (pulsões, a força de nosso desejos) lugar onde se  encontra o  Inconsciente reprimido (o sótão, exemplo utilizado). Podemos ainda dizer que o ID simplesmente quer satisfação, mas o EGO pondera de que forma vai satisfazer as pulsões(campo de força de nossos desejos), o SUPEREGO vai dizer se pode ou não pode, se é certo ou errado(em uma educação muito repressora o SUPEREGO vai ser muito moralista).

O PSIQUISMO diz respeito à atividade MENTAL, onde se inclui os processos conscientes e inconscientes, sendo o psiquismo uma resultante de nossas experiências vividas, onde o inconsciente age sobre o consciente, sem que possamos controlar esse processo. Podemos inferir nesse momento que não somos tão donos de nossas escolhas,  uma vez que representações advindas de nossas vivencias são conteúdos do inconsciente, os quais estão interferindo em nossas escolhas conscientes, ao que chamamos de programações da primeira infância. Tudo isso acontece sem nos darmos conta, é extremamente complexo, porém são esses conteúdos que fazem de nós ser quem somos.

Está bem, e AGORA?....O que fazer com tudo isso?....se não tenho domínio?...Bem, muitas vezes sabemos quais são nossos medos e ai cabe a nós enfrentá-los aos poucos. A dificuldade maior é ter consciência de nossas programações, para isso  um bom profissional fará com que você tenha consciência desse processo, ajudando-o a descobrir quais são seus medos, quais são suas programações e de que forma elas interferem nas suas escolhas, na sua forma de agir. Assim, aos poucos vamos enfrentando os medos, e algumas verdades sobre nossas vidas que estavam lá, escondidas no sótão. Isso é libertador.  ENFRENAR OS MEDOS É LIBERTADOR.

Um exemplo: A mãe incute dúvida, o filho vacila e a mãe decide pelo filho. A criança aqui pode sentir-se incapaz de realizar suas atividades, daí quando adulto terá medo de não ser capaz, o que vai interferir em sua autoestima, confiança e realizações. MEDO = DÚVIDA

Como nossa educação está muito baseada no medo e na culpa, muitos de nós ficamos paralisados diante algumas situações na vida adulta, justamente porque existem esses medos enraizados dentro de nós. Então, os desafios oferecem perigo porque para muitos há a crença de que não são capazes, de que não são tão bons, entre outras coisas. Então ficam presos e acomodados em lugares que entendem serem seguros, mesmo sentindo-se infeliz, simplesmente porque têm medo de abrir as portas, as portas de novas oportunidades, ficando em lugares conhecidos, “seguros”, sem sair da zona de conforto. O medo é maior que a vontade de crescer, de arriscar, de viver ...sim, viver com intensidade, com paixão suas potencialidades.

Muitas famílias educam seus filhos incutindo medos a fim de que obedeçam, assim aprendemos quando crianças que lá fora é perigoso, é arriscado, assim muitos se acomodam em seus medos, ficam paralisados, e passam uma vida sem viver realmente suas potencialidades, o que é lamentável.  Sempre quando se incute medo a intenção é ter domínio sobre a pessoa. Quando há ameaça, há medo, pois a melhor maneira de submeter uma pessoa é incutir-lhe medo.

Na verdade vivemos em uma sociedade que dificilmente enaltece nossos talentos e habilidades, muito pelo contrário, enfatiza-se nossas fraquezas, o que precisamos melhorar, sendo que esse modelo repete-se na escola e na sociedade de forma geral.

Como tratar o MEDO? Ir encurtando a distância de fuga, até chegar à conclusão de que não existe ameaça no objeto que causa medo.

Deixo aqui a pergunta: “O que você faria se não tivesse MEDO?” Vencer o medo é libertador. Então comece aos poucos mudando suas crenças, enfrentando aos poucos seus medos, assim seu comportamento também irá se modificar, pois a mudança será proporcional à mudança de seus pensamentos.

Um abraço e boa leitura!!!

Até mais...

 

 
 

terça-feira, 9 de outubro de 2012

ENTREVISTA COM LÉO BENGOCHÊA – PATINAÇÃO ARTÍSITICA


 

 
 
Nome: Léo Patricio Rocha Bengochêa
Idade: 45 anos
Profissão: Presidente e treinador da PATINART -
Escola de Patinação Artísitica
Cidade: Novo Hamburgo

 

 

 
Angela: Léo, muito bom estar conversando com você, obrigada por me conceder seu tempo que sei é extremamente solicitado. Então diga-me, com que idade você começou a patinar e o que te motivou a praticar patinação artística?
Léo: Comecei a praticar com 11 anos de idade, estudava no colégio Champagnat de Porto Alegre e uma das modalidades da educação física era a patinação. Na verdade nós começamos a patinar para criar um grupo de Hockey, que esse era o objetivo que o professor de religião na época, Alexandre Durante, solicitou que se formasse um grupo de Hockey na escola, e eu entrei com esse objetivo. Só que o grupo foi se desfazendo e até o final do ano tinha apenas 5 patinadores e então não dava para ter um time cheio, apesar de  ser 5 atletas no time, só tinha 3 meninos. A ideia era que primeiro os atletas aprendessem a patinar artisticamente que , segundo o professor Alexandre, quem soubesse patinar artisticamente, seria um bom jogador de Hockey. Como esse grupo não se formou e eu gostei, continuei mesmo sendo patinação artística. Isso foi em 1979, eu tinha entre 11 e 12 anos e já no mesmo ano eu fiz competições e já comecei a participar de espetáculos também e vi que seria um bom esporte para mim.
Angela: Tinha alguém da tua família que praticava essa modalidade esportiva?
Léo: Não, meu pai era jogador de basquete, dois irmãos jogavam futebol e algumas irmãs que jogavam vôlei e uma fazia atletismo.
Angela: Então na verdade toda tua família sempre se dedicou a prática esportiva, isso também pode ter te influenciado a seguir uma modalidade.  Aqui podemos dizer Léo que houve a influência tanto da genética quanto do ambiente, que diz respeito às tuas relações, onde toda tua família estava envolvida com o esporte.
Léo: É talvez pelo lado paterno sim, a mãe não gostava de esportes. Meu pai, inclusive chegou a fazer parte da seleção gaúcha, que na época  quem disputava o campeonato gaúcho era a seleção do exercito, e como meu pai era do exercito, participava de campeonatos estaduais, então já existia essa coisa da competição. A primeira modalidade que comecei na escola foi o basquete, seis meses depois fiz o vôlei e no outro ano entrei na patinação e acabei ficando porque foi a que mais gostei.
Angela: O que tu achas que a patinação trouxe para tua vida, o que mudou a partir daí?
Léo: Olha, a patinação abriu várias oportunidades em minha vida. Como vim de uma família pobre e as pessoas que praticavam esporte no clube onde eu estava, tinham uma condição financeira melhor, isso acabou proporcionando conhecer outro mundo que para mim não existia. Então conhecimentos, viagens, festas, outros lugares, passeios e como me destaquei no esporte, comecei a viajar e competir em outros lugares, inclusive conheço vários países do mundo através da patinação.
Angela: Léo fale um pouco sobre esses títulos que tu ganhaste com a patinação artística?
Léo: Eu ganhei vários títulos estaduais, nacionais eu ganhei 2 títulos em dupla na categoria Junior e o individual eu sempre estava entre os 5 do país, e em 1989 eu fiquei em segundo lugar e daí eu não quis mais competir e durante os próximos 4 anos trabalhei como comissário de bordo da Varig,  Porém não me afastei do esporte, como tinha passes livres na empresa, eu dava aula pelo Brasil a fora e treinava também para demonstrar. Em 1994 eu decidi voltar após 5 anos sem competição e fui campeão brasileiro. Daí determinei que bastava, eu  tinha alcançado pra mim,   o meu objetivo. Pela minha idade, 27 anos, e pelas condições físicas e técnicas, o próprio corpo começa com algumas limitações, então eu determinei que como atleta este era o ponto máximo para mim. Para mim foi uma conquista pessoal, não se tratava de ganhar apenas na pista, queria provar para mim, como pessoa que podia conquistar esse nível de competição.
Angela; Atingindo esse nível você conclui “agora chega.”
Léo: Naquele momento em que vi o troféu de primeiro lugar, determinei a maneira de dar treinos para  meus atletas, pois já era treinador desde 1985. No início eu era bastante rígido, os atletas sofreram nas minhas mãos, mas também conquistaram vários títulos, foram campeões Brasileiros, Sul- Americanos, com grande destaque à nível mundial.
Angela: Podemos dizer que no papel de treinador, você trouxe para os treinos tua experiência como atleta, o que certamente é um diferencial?
Léo: Sem dúvida, até hoje meus treinos são baseados em experiências que eu tive como atleta, eu sempre comento com os atletas como eu reagia, como era e inclusive nas competições.
Angela: Léo, sabemos que nem todo atleta torna-se um técnico bem sucedido. Você obteve sucesso tanto como atleta e está tendo como técnico. O que você considera crucial para ter êxito como treinador?
Léo: Como treinador eu penso que é semelhante às exigências de um atleta, disciplina, força de vontade e um ideal, tem que ter um ideal. A diferença é que o atleta ele vai em busca da medalha de ouro, a maioria quer isso. Não que o treinador não queira, só que o treinador tem vários atletas. Às vezes eu tenho na mesma categoria 7 atletas competindo entre elas, então eu sei que na melhor das hipóteses uma vai estar em 7ª lugar. Então eu como treinador tenho como objetivo fazer com que cada um deles busque o seu melhor, independente do resultado.
Angela: E daí conseguir a lidar com as perdas.
Léo: Mas isso é o esporte para mim. Porque o que vejo no esporte , dando o exemplo da patinação, cair e levantar, errar e acertar e o perder e ganhar faz parte não só da patinação ou do esporte em si, mas faz parte da vida, por exemplo, um familiar que tu perde, um vestibular que não passa, um casamento que não dá certo, ser demitido de uma empresa, então estas “derrotas”, servem para crescimento pessoal, sendo que o esporte já é um estágio para essa vida de adulto que a maioria não está preparado. Então hoje eu me sinto muito orgulhoso de ex atletas que aceitavam meu ensinamento e que entendiam minha mensagem e hoje são profissionais  extremamente bem sucedidos, com família, casados, com filhos, em que eu penso que o esporte fez muito bem para eles. Claro que tem também a questão familiar que eu considero principal, mas muitos tiraram do esporte isso.
Angela: Sabe Léo na minha experiência com o esporte enquanto você fala passa um filme na minha cabeça, porque eu vejo no esporte uma via poderosa de transformação dessa nossa juventude e penso que todos os jovens deveriam ter essa passagem pelo esporte, pois é um  lugar onde se aprende e se prepara para a vida.
Léo: Tem pais que querem que os filhos ganhem sempre, se for necessário passar por cima de qualquer coisa para que o filho tire o primeiro lugar, ele vai passar, mas eu não concordo com isso, não aceito e provavelmente eu vou perder esse atleta se os pais tem esse pensamento, porque acabam não ficando.
Angela: Sabemos que essa criança que tem essa superproteção vai sofrer muito à medida que vai se tornando um adulto, porque a vida não é só de vitórias.
Léo: Sempre digo isso para meus atletas, principalmente os que estão acostumados a ganhar sempre, que um dia podem perder e precisam estar preparados para isso. Muitos eu percebi que já trabalham isso, outros pensam que isso nunca vai acontecer. Talvez possa não acontecer a derrota na pista, mas um dia vai acontecer na vida e daí acho que vai ser sofrido pois estará despreparado. Pois eu sempre lutei para que os atletas entendessem o objetivo do esporte, dessa disciplina, dessa conquista, dessa superação e daí quando chega em um momento crucial da vida que deveria estar bem preparado,  ele não sabe se portar.
Angela:  – Qual o momento mais marcante em sua trajetória como atleta?
Léo: Como atleta sinceramente não foi o primeiro lugar. Meu pensamento foi: -“Meu Deus que vergonha de eu ter sofrido para chegar até aqui para conquistar um título que eu achava que era a principal coisa que um atleta tinha que ter. E hoje que estou aqui no primeiro lugar do pódio me pergunto: -É isso aqui?...isso aqui não muda nada na minha vida”. Então a partir desse momento minha vida mudou totalmente no meu objetivo como treinador, foi crucial para mim, foi um divisor de águas.
Angela: Casualmente ontem, juntamente com teus atletas, assistimos a um filme:”O Poder além da Vida”, que está baseado em fatos reais da vida de um ginasta de argolas, onde o mestre ensina para seu discípulo que o importante é a jornada e não o destino, ou o resultado. Então como no teu caso, focaste tanto a medalha que perdeu o foco no presente, no teu percurso, deixando de vivê-lo quem sabe de forma mais plena. Então quando conseguiste a medalha tão sonhada você viu que era insignificante em relação a todo o resto que foi tua vida, teu percurso para chegar até lá.
Léo: E onde está essa medalha hoje? Está guardada em uma caixa dentro do depósito da patinação. Não que não tenha valor, bem pelo contrário. Mas como não sou apegado as coisas materiais, pois utilizo muito o desapego no meu dia-a-dia, inclusive a chamada de meu celular tem uma mensagem que fala sobre o desapego: “Pratique o desapego e seja feliz.” Porque quero sempre lembrar disso. O que eu quero colocar com isso? Que além das questões materiais, que as pessoas vem para tua vida, passam por um tempo, se foi bom ou ruim, algo se aprende, se for ruim, de não fazer igual ou simplesmente ter lembranças positivas, boas, agradáveis, se for para irem embora que se possa deixar ir para ser feliz. 
Angela:  Qual foi sua maior dificuldade no esporte?
Léo:  No esporte, até  hoje é a parte financeira. Quando comecei não tinha condição financeira, pois só tinha dinheiro para duas passagens por dia, então tinha que me virar com caronas para ir à escola e no treino.  Hoje não se trata de uma dificuldade financeira, mas eu não posso fazer mais pela minha escola, porque justo a parte financeira é limitada, então não posso ter um ginásio melhor, um espaço físico maior, ter condições de patrocinar o atleta que está representando a escola, pagar as inscrições, pagar a viagem, isso seria ideal. Não dá para ficar rico com a patinação, se pratica pelo prazer. A busca é mais pessoal. Não quero desmerecer nenhum esporte, mas eu acho que a patinação artística, já o próprio nome diz ela é um pouco diferenciada. Ela exige do atleta, além da condição física, que ele exponha seu sentimento ao vivenciar as coreografias, sendo que em cada uma dessas coreografias um personagem diferente é vivenciado, semelhante à ginástica artística. Mas com o diferencial de ser sobre rodas, que é extremamente difícil.
 
Angela: Quais as características que vc considera essenciais para ser um campeão nesta modalidade esportiva, além do que já se falou?
Léo:  Além da  disciplina e força de vontade, o atleta precisa ter muita paciência e persistência. Se for muito impaciente, dificilmente ficará neste esporte, ou terão muita dificuldade de aprendizagem,   porque tem que repetir o mesmo movimento umas 20, 30 vezes  no mesmo dia. Tem atletas, como no meu caso, alguns elementos levei mais de 1 ano ou mais para aprender e eu não desisti.
Angela: Se formos analisar outros esportes, como futebol, vôlei e basquete, sempre tem uma situação de jogo diferente, o inesperado que sai de uma rotina, digamos, de repetição de um mesmo movimento, mas na patinação eu percebo que a persistência e a paciência é mais que uma necessidade, visto a repetição dos movimentos.
Léo: Sim, porque não existe um salto novo, na ginástica tu pode até fazer um salto novo, mas na patinação não, sendo que não está no critérios de valores que o juiz tem que analisar, então tu não vai ser pontuado pela parte de dificuldade, talvez somente pela parte de criatividade. Porém a criatividade em uma nota de patinação sempre será relativa à nota de dificuldade, sempre será proporcional.
Angela: O que você pensa que dá sentido ao ato de viver?
Léo: Eu penso Angela, que engloba tudo que eu falei até agora. São os objetivos de vida, onde se quer chegar, porém com jornadas diferentes, cada um, por exemplo, com a sua religião, mas eu acredito que vão chegar  em um mesmo lugar, somente com formas diferentes de acreditar no que faz bem ou não.
Angela: Poderíamos pensar que o que dá sentido é de que forma tu leva tua vida, a ênfase que a pessoa dá para sua jornada.
Léo: Penso que o que mudou minha vida de uns anos para cá foi quando eu comecei a deixar de me preocupar com o que os outros faziam e tentar fazer igual, porque isso deu certo para ele. Eu sou outra pessoa, outra essência, outra vibração, assim nem todas as pessoas obtém o mesmo sucesso fazendo a mesma coisa. Exatamente é o que eu posso fazer em minha casa para construir um lar agradável, o que posso fazer em meu clube para que meus atletas tenham êxito e as pessoas se sintam bem e assim por diante, em qualquer coisa que eu faça. O meu objetivo é sempre esse, de crescimento e ajudar quem está sob minha responsabilidade, querendo ou não, eu como presidente de um clube e técnico de vários atletas, eles acabam se espelhando e querendo ouvir algo  de ti. Não só os atletas, mas também os pais, buscam aquela palavra de conforto em função da minha experiência como atleta e treinador.
Angela: Léo, você se considera uma pessoa feliz?
Léo: Com certeza.
Angela: E o que é para você felicidade?
Léo: Felicidade é exatamente isso de que falávamos, é eu ter essas pessoas ao meu redor que me escutam, que eu sei que aprendem comigo. Não é simplesmente ter um bom carro, que eu gosto, a felicidade não está nessas coisas, para mim está na forma como eu encaro os problemas. Teve um período de minha vida que não era feliz, hoje depois que aprendi a administrar os problemas, chego em casa tranquilo  todos os dias.
Angela: Qual seu maior sonho?
Léo: Sonho material gostaria de ter minha sede, o meu ginásio para poder fazer os horários que eu quisesse, sem dividir com outros esportes. Mas, mais que um sonho, acredito ser uma missão, quero trabalhar mais meu lado espiritual para poder fazer esse tipo de trabalho, desenvolver mais e mais a espiritualidade, mas não só para mim, quero ajudar os outros, acho que vou terminar meus dias dessa forma.
Angela: Ser um transformador...
Léo: Trouxeste a palavra certa, acho que sou um cara transformador, tento passar meus conhecimentos sem impor é claro, mas procuro passar meus conhecimentos para que a pessoa possa tirar uma frase que altere e melhore sua vida, assim  eu já me sinto realizado.
Angela: Muito obrigada pela entrevista Léo e pelas sábias colocações.
Léo: Espero que através desta entrevista, algumas pessoas possam transferir para sua vida alguma palavra ou frase, ou minha vivencia e analisar, porque às vezes acabamos sofrendo por tão pouco, porque alguma coisa deu errado, e tem tanta coisa para se recuperar nessa vida.
 
Obrigada Léo por compartilhar conosco sua experiência como pessoa e como atleta.
Um  abraço e até mais!


 

quarta-feira, 19 de setembro de 2012

O PODER DA FÉ – uma história para aquecer o coração





No dia 13 de setembro, participei de um evento na Câmera dos Vereadores de Novo Hamburgo: Medalha ao Mérito Esportivo”. Trata-se de uma homenagem aos atletas aqui de nossa cidade com título Nacional, Sul Americano e Mundial.  Um incentivo ao esporte, um reconhecimento aos atletas pela dedicação, esforço  e comprometimento com sua prática esportiva, bem como, uma valorização da família como responsável em fornecer aos seus filhos atletas a motivação necessária nos momentos mais difíceis e o suporte emocional e financeiro  fundamentais para que o jovem atleta possa perseguir seus sonhos e acreditar que é possível alcançá-los.
 
Foi uma noite para se refletir sobre a própria vida, pois eis que diante de muitos discursos consistentes, um deles prendeu minha atenção de forma especial, penso que o mesmo ocorreu com as pessoas que estavam ali presentes. Estou falando de  Laerte Giraldi Jr., campeão mundial de jiu-jitsu, que fez um relato sobre sua história de vida, superação e fé acima de tudo.
A mensagem que Laerte Giraldi deixou aos atletas que estavam sendo homenageados e a todos ali presentes é: “Creiam em Deus”, apesar de tudo, mesmo que as circunstâncias lhe digam para desistir, acredite sempre em uma Força Maior que nunca nos abandona. Após dois infartos com sequelas em seu coração, com um diagnóstico que faria qualquer atleta desistir de seu sonho, proibido pelos médicos até de caminhar, Laerte perguntou-se: -“Senhor o que está querendo me mostrar?...Sempre tive bons hábitos, uma vida equilibrada, então tem algo errado ai.”
Saindo da UTI com uma caixa de remédios que deveria tomar para o resto de seus dias, decidiu que ao terminar os medicamentos não compraria mais e assim o fez. Começou a treinar devagar e a participar de pequenos campeonatos, deixando é claro, seu testamento pronto, pois o pior poderia acontecer. Mas, eis que o destino lhe reserva uma grata surpresa, antes de participar de um campeonato mundial, resolveu fazer os exames novamente e, adivinhem?...Seu coração estava perfeito, como de um menino de 18 anos. O médico falou: -“Foi um milagre.” Depois disso já conquistou muitos títulos mundiais.
Na Bíblia em Hebreus 11-1, FÉ é definida como: “Um modo de já possuir aquilo que se espera, é um meio de conhecer realidades que não se vêem.”
 
Um abraço a todos, uma boa leitura e
 
até mais!...

sábado, 8 de setembro de 2012

Atletas jovens aprendem a ser excessivamente agressivos praticando esportes?


 

Se formos responder de forma simples e objetiva, a resposta é não. Entretanto precisamos analisar mais profundamente essa pergunta para respondermos de forma satisfatória.

Primeiramente uma breve explicação a respeito de “agressividade”: “De uma perspectiva ampla pode-se dizer que foram reconhecidos dois tipos de agressividade: a agressividade endógena ou constitutiva (biológica) e a agressividade exógena ou reacional (relacionada à fatores ambientais). A teoria Freudiana (1920, Além do Princípio de Prazer), afirma a existência de uma propensão primária inata à agressividade no homem. Localizando-se a pulsão de morte na origem, no âmago do ser humano e fazendo da auto-agressão o próprio princípio da agressividade. Já Kris, Hartmann e Loewenstein, consideraram que a agressividade, longe de ser uma força destrutiva, estava ligada, ao contrário, à preservação do indivíduo, assim como no animal, onde a sobrevivência das espécies é determinada pela agressividade instintiva. ”(O Desenvolvimento Afetivo e Intelectual da Criança. B.Golse, 1998)
 

Após esta breve explicação, voltando à nossa pergunta, podemos dizer que é relativo.Tudo vai depender do contexto esportivo que esse jovem atleta vai estar inserido e principalmente a filosofia do clube, dos dirigentes e o estilo de ‘LIDERANÇA DO TREINADOR.’ Eu diria que o amor e ódio habitam o ser humano, isso é celular, a diferença crucial é qual deles será mais estimulado. Portanto fatores genéticos aliados aos estímulos ambientais serão determinantes para se desenvolver traços agressivos. Temos que cuidar para não generalizar, pois para toda regra há exceções. Vamos a um exemplo: um jovem que cresce em um ambiente hostil e agressivo, pode adotar um comportamento totalmente pacifico, pois aquilo lhe faz tanto mal, que escolhe para si uma vida diferente, ou seja, não será agressivo. Embora a tendência é de que essa pessoa repita o padrão de comportamento ao qual conviveu em sua infância.
 

Ao nascermos trazemos conosco a herança genética, que funciona como uma espécie de memória e registros de cada indivíduo, determinando características que vão além das puramente físicas, como cor dos olhos, do cabelo, estatura... Isso cabe dizer que existem genes para o comportamento e, que esses genes afetam nossa postura social e política. Portanto, podemos dizer que os fatores genéticos são importantes para o comportamento humano, assim como o ambiente.
 

Entende-se que no desenvolvimento humano, ambientes familiares e sociais são decisivos na construção de indivíduos saudáveis e com potencial de ação positiva. Se pensarmos no esporte como um lugar de formar cidadãos com valores de respeito a si próprio e ao próximo, cooperação, espírito de equipe, solidarismo e principalmente EMPATIA, que é a capacidade de compartilhar o sentimento do outro, internalizar e colocar-se no lugar desse outro da relação, teremos jovens muito bem estruturados interagindo na sociedade. Mas, para isso, é preciso CONSCIÊNCIA dos PROFISSIONAIS que ACOMPANHAM ESSES JOVENS ATLETAS.


Uma boa leitura!!!

Um abraço e até mais...