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segunda-feira, 27 de agosto de 2012

PERCEPÇÃO CORPORAL

 

 

 

A linguagem não-verbal do corpo assume uma importância vital nas relações, onde através de um mundo de signos e símbolos vem falar de verdades e identidade do ser. O corpo, uma instância da pessoa, ele próprio constituindo-se  historicamente e sendo moldado e delineado por uma série de instituições, como a cultura, as crenças, os hábitos, a família, a escola, a religião, o capitalismo, entre outros, instituições estas que o atravessam enquanto corpo, o qual traz em si uma linguagem não-verbal, a qual constitui em si um grande analisador. A sua própria história de vida, vista de uma perspectiva geneticista, tem em si um mundo de atravessamentos. Este próprio corpo confere poder na forma como se apresenta. E este corpo atravessa o próprio  sujeito que o constitui, produzindo modos de subjetivação.

 

É neste sistema de crenças e hierarquias, que vão sendo tecidas as relações de poder do corpo social. Esta construção do indivíduo vai de desenrolando em uma  espécie de rede, tecida pelas relações de poder. Este poder está permeando todas as formas de relações de modo muito sutil, dando a ilusão de que somos livres. Em sua obra “Psicologia uma Nova Introdução”, Luís Cláudio Figueiredo, usa o termo “subjetividade privatizada”, através do qual o ser humano passa a ter consciência da sua própria existência, quando historicamente vai se constituindo como dono de si próprio, saindo de um período medieval onde era totalmente destituído de sua individualidade.  Então Figueiredo coloca que a “liberdade” que o indivíduo pensa ter, parece ser ilusória, uma vez que temos que viver em um Regime Disciplinar, onde tudo obedece a uma ordem. O ser humano precisa ser colocado na sociedade de forma disciplinar, eis aí o poder atravessando este indivíduo em seus modos de ser.

 

O corpo é uma expressão do indivíduo, podemos dizer que não há separação entre corpo e ser, somos um ser “corpóreo”, inteiro, indivisível. Através deste corpo a pessoa se coloca no mundo, este corpo é o palco das emoções, dos sentimentos, dos pensamentos, da sensibilidade, é a expressão mais autêntica da essência do indivíduo. As vias de expressão encontram-se nos gestos, nas atitudes, na voz, na sexualidade, na escolhas das roupas, na postura, no olhar...etc...

 

Comportamento facial, manifestação dos afetos, olhar fala a linguagem da alma.“O rosto possui um olhar e uma irradiação da qual ninguém pode subtrair-se. O rosto do outro torna impossível a indiferença, porque nos obriga a tomar posição, uma vez que fala, pro-voca, e-voca, e com-voca. O rosto e o olhar lançam sempre uma pro-posta em busca de uma res-posta. Nasce assim, a res-ponsa-bilidade de dar res-postas, ou seja, a ética do reconhecimento do outro como igual a mim.” (Saúde e Resgate da Vida, Simpósio de Psicologia, pág.5).”

 

Pensando aqui na Psicologia do Esporte, o corpo coloca-se como instrumento de trabalho enquanto força, capacidade física, condicionamento e potência. Um corpo que se coloca diante de outros corpos e se estabelece uma forma de relação e de comunicação. Penso que, especialmente para o atleta, este corpo lhe confere maior ou menor autoconfiança, fator imprescindível para uma boa performance. Portanto, a consciência deste corpo, dos seus limites, da sua linguagem silenciosa, torna-se vital para o atleta.

 

Corpo, um lugar de muitas memórias, de muitas histórias, um rico tecido social, atua como um revelador da verdade do vivido interior da pessoa. Podemos considerar o corpo um velho sábio que é preciso escutar.


Uma boa leitura!!!


Um grande abraço e até breve!
  

 

 

 

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