A Psicologia do Esporte, ao contrário do que se pensa, não é um campo de
atuação recente. Segundo Weinberg & Gould ( 2008), Já na década de 1890, na América do Norte , o
psicólogo Norman Triplett, dá início à Psicologia esportiva ao estudar a
diferença no desempenho de ciclistas que corriam em grupo em relação aos que
pedalavam sozinhos. Após, entre 1921 e 1938, Coleman Griffith foi o primeiro norte-americano a dedicar boa
parte de sua carreira à psicologia do esporte, sendo considerado o pai da
psicologia do esporte americana. Entre 1939 e 1965, citamos Franklin Henry,
responsável pelo desenvolvimento científico da área, dedicando-se ao estudo
profundo dos aspectos psicológicos da aquisição de habilidades esportivas e
motoras. Surgiu como disciplina acadêmica na década de 60, sendo que Bruce
Ogilvie, foi um dos primeiros consultores de psicologia aplicada ao esporte.
Entre 1978 e 2000 foi marcado como um período de crescimento, não só na América
do Norte, mas no mundo, tornando-se um campo mais aceito e respeitado.
Atribui-se à Ferruccio Antonelli, o mérito por grande parte do desenvolvimento
da psicologia do esporte, sendo que foi o primeiro presidente da International Society of Sport psychology
(ISSP), estabelecida em 1965, foi também o primeiro editor do International
Journal of Sport Psychology (IJSP ), 1970.
Entende-se que vislumbrar o humano em toda sua grandeza, de forma a
estabelecer uma conexão entre o corpo e a mente, sem dúvida, é uma
necessidade, de forma a ampliar o olhar que se tem para o sujeito, procurando
compreender essa complexa relação que ai se estabelece. Assim, em uma prática
esportiva, os treinos buscam constantemente aperfeiçoar a técnica, a tática de
jogo, a melhora do condicionamento e da força física, mas o que fizemos com os
pensamentos,? Com as emoções? Os sentimentos? Com os comportamentos?...Podemos
deixá-los de lado, como se eles não existissem?...Não, não é possível, porque
isso faz parte do que somos, de quem somos, de nossa história pessoal, portanto
corpo e mente são igualmente importantes.
Isso posto, acredita-se que a psicologia do esporte vem preencher uma
lacuna existente nas diferentes práticas esportivas, individuais ou coletivas, no
que diz respeito às questões emocionais, cognitivas e comportamentais. Para
Becker Jr.( 2000, 2008 ), a psicologia
esportiva pretende investigar as causas e os efeitos das ocorrências psíquicas
que apresenta o ser humano antes, durante e após o exercício ou o esporte,
sendo estes educativo, recreativo, competitivo ou reabilitador. Assim sendo, a
psicologia esportiva deve ser responsável pelo bem-estar do atleta, pode apoiar
o indivíduo ou o grupo a fim de que as ações do ser humano possam ser
aperfeiçoadas de acordo com a tarefa proposta, melhorando as demandas externas,
contribuindo para que o atleta melhore sua habilidade, alcance suas metas e
tenha suas necessidades atendidas. Segundo Weinberg & Gould ( 2008), a
psicologia do esporte diz respeito ao estudo científico de pessoas e seus
comportamentos em atividades esportivas
e físicas, bem como, a aplicação prática desse conhecimento.
Um treinamento psicológico, que pode ser individual ou grupal,
constitui-se de técnicas e procedimentos que têm como finalidade, auxiliar o
treinamento técnico, tático e físico, de forma a aperfeiçoar o rendimento,
obtendo assim melhores resultados em jogos e campeonatos.
Importante é ter a compreensão de que o esporte é um fenômeno social, e
que assim sendo, o contexto esportivo deve ser entendido a partir da
complexidade em que está inserido, onde atletas, treinadores, preparadores
físicos, fisioterapeutas, nutricionistas, bem como, todos os profissionais
envolvidos com a prática esportiva, fazem parte de uma equipe multidisciplinar,
na qual o psicólogo esportivo é um dos integrantes.
Acredita-se que para contemplar de maneira satisfatória a prática
esportiva, uma visão holística do processo esportivo é a que melhor atende
todas as demandas internas e externas do sujeito. Assim sendo, o psicólogo
esportivo deve estar atento ao aspecto situacional do ambiente esportivo, as
questões individuais do atleta, como traços de personalidade, história de vida,
crenças, valores, bem como as características pessoais do treinador,
vislumbrando também o aspecto sócio-cultural em que o esporte está inserido. Só
assim, com uma visão ampla do processo do desporto pode-se atender às
necessidades de todos os envolvidos, primando por um bom nível de comunicação,
lembrando sempre que o fundamental para estabelecer relações interpessoais saudáveis
é praticar a aceitação do outro da convivência, respeitando as diferenças, procurando desenvolver a empatia, de forma a
colocar-se no lugar do outro, que nosso agir seja justo e que se possa
contribuir para o desenvolvimento humano dos praticantes do desporto visando
seu bem-estar físico, emocional, mental e espiritual.
Esp. Angela Maria Antonelli
Relações Públicas
Esp. Psicologia do Esporte e do Exercício Físico
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