REFLEXÃO CRÍTICA
A leitura deste
artigo é instigante, interessante, motivadora e colocada de forma muito
compreensível e abrangente, de forma a contemplar a coesão interna sob todos os seguimentos que compõem, digamos, uma
instituição, onde a coesão é pensada a partir de diferentes níveis de percepção
e entendimento.
O autor, Oscar
González Figueiras, especialista em Educação física, licenciado em
Ciências da Atividade Física e do Esporte, se propôs a discorrer sobre a
coesão, movido pelo fato de fazer parte de uma equipe de futsal já há um bom
tempo. Portanto, escreveu sobre um assunto
de que gosta, é de seu interesse, tem muitas vivências em trabalhos de
grupo e, ficou claro que seus conhecimentos e experiências contribuíram para
que este artigo abordasse de forma muito inteligente a coesão interna de um
grupo de jogadores de futsal, mas que pode ser aplicada a qualquer grupo de
trabalho em diferentes instituições.
Inicio com um
antigo ditado popular: “A UNIÃO FAZ A FORÇA”. Tão antigo e,
ao mesmo tempo, tão atual e verdadeiro. Uma verdadeira equipe torna-se como uma
célula, dividindo o mesmo objetivo, mesmos valores, regras, caminhando juntos a
fim de cumprir com a tarefa que lhe é proposta enquanto célula, como se fossem
uma coisa só, onde genes diferentes se unem e se entrelaçam para formar uma
unidade que passa a possuir uma identidade singular, que lhe distingue dos
demais grupos.
A coesão,
segundo Oscar, é construída no dia a dia de trabalho coletivo, sendo que
construí-la requer conhecimentos e recursos técnicos, onde não basta somente a
boa vontade e a preocupação dos membros da equipe. Na verdade, trata-se de um
longo processo, que deve ser planejado e que vai se desenvolvendo aos poucos, envolvendo
a coordenação dos responsáveis pelo clube, o treinador e os próprios atletas.
As instituições,
de um modo geral, estão se voltando para a filosofia do trabalho em equipe,
como um sistema de produção e gestão.
Digamos que um
dos aspectos vitais para se construir a coesão é possuir uma boa liderança e,
na sua ausência, dificilmente grupos irão tornar-se equipes autênticas. Então
podemos pensar, mas o que se entende por liderar?...em que consiste a coesão interna?..
Coesão interna,
segundo o artigo se define como:
·
el campo total de fuerzas que
actúa sobre los miembros de un grupo para que permanezcan en él"
(Festinger, Schacter y Back, 1950).
·
"el proceso dinámico que
se refleja en la tendencia grupal de mantenerse juntos y permanecer unidos en
la persecución de sus objetivos y metas" (Carron, 1982).
Existem muitos
grupos, porém pouquíssimas equipes. Segundo Oscar, apesar de um número reduzido
de estudos em relação ao desempenho esportivo, de uma forma geral, há uma
relação positiva entre a coesão da equipe e o êxito esportivo em esportes onde
se faz necessário a cooperação. Se tem observado, por exemplo, que quando
existe coesão interna, há um maior esforço do grupo na realização das metas
coletivas, maior envolvimento e maior pontualidade de seus membros, uma maior
satisfação pessoal dos componentes da equipe e uma maior estabilidade quanto a
estrutura e a organização do grupo.
Na sua
experiência como jogador de futsal, Oscar relata dois momentos de sua vivência
como atleta, a qual considero importante trazer, pois ao meu ver, contempla de
maneira satisfatória a diferença crucial entre GRUPO e EQUIPE, vejamos
como age uma equipe: ‘cada jogador sabia o que seu companheiro ia
fazer muito antes da sua realização. Podíamos ajudar melhor uns aos outros,
pois já sabíamos onde cada um podia falhar, assim nos antecipávamos ao seu
erro, de forma a ajudá-lo, o que repercutia positivamente nos resultados da
equipe’. Agora sua experiência em um grupo: “este ano se pode apreciar uma
importante falta de sentimento grupal dentro do vestiário, onde cada um vai por
sua conta, não existe essa ajuda mútua da qual falávamos antes, e cada um se
importa bem pouco se seu companheiro faz bem ou mal.”
Oscar faz as
seguintes perguntas, que considero muito eficazes para que se possa interagir
junto aos grupos á que nos propomos trabalhar como psicólogos esportivos: como
se traduz a coesão na dinâmica interna do grupo?...Que efeitos tem a coesão
interna sobre o grupo e seus membros, sobre a relação entre eles e sobre o
trabalho pelos objetivos comuns á equipe?
Entende-se que
coesão e rendimento se retroalimentam entre si, uma relação em que a coesão
interna favorece o rendimento e, este, por sua vez, potencializa a coesão da
equipe.
Podemos citar
algumas características que fazem parte da coesão, entre elas:
compartilhar e aceitar os objetivos
propostos para a equipe; comunicação clara; aceitação das normas que organizam
o trabalho e a convivência interna da equipe; perseverança nas dificuldades,
buscando soluções coletivamente evitando
críticas; a satisfação pessoal está
diretamente relacionada com a coesão da equipe; indivíduos de uma equipe
sentem-se mais motivados para o trabalho e ao esforço quando existe coesão
interna; quanto maior a coesão em uma equipe, mais difícil será seus membros
abandonarem esta equipe.
E, como inimigos
da coesão interna, podemos citar: o individualismo, onde jogadores
disputam entre si qual é o melhor; pouca aceitação dos objetivos; falta de
clareza acerca dos papéis dentro do grupo; ausência de normas claras; problemas
na comunicação; muita troca de seus membros; diferentes líderes, disputa pela
liderança; incompatibilidade de personalidades.
A coesão de uma
equipe não é tão fácil de se construir, pois depende de muitos fatores, além do
mais, depende de um nível de consciência e do engajamento de todos os
envolvidos no processo, ou seja, clube (instituição), equipe técnica, atletas.
O treinador, no seu papel de liderança, é também um educador e um motivador,
suas atitudes e comportamento são essenciais para estabelecer um bom ambiente
de trabalho, o qual deve conhecer bem seus jogadores, potencializar no
vestiário uma cultura de trabalho em equipe, resolver conflitos, ter reuniões
freqüentes, estabelecer uma boa comunicação entre todos os membros da equipe,
ter na pessoa do capitão um mediador que reforce sua própria autoridade junto
aos jogadores, deixar bem claro a função de cada um no grupo, bem como a sua
importância para o êxito da equipe, observando sempre a evolução da dinâmica
interna, estando atento a tudo que acontece entre seus jogadores e, uma série
de outros requisitos fundamentais a um líder, mas que não é o foco deste
trabalho.
Aos jogadores cabe respeitar as diferenças individuais e estabelecer um clima de
empatia entre eles, desenvolvendo uma atitude de apoio mútuo, evitando as
críticas e censuras, a fim de fortalecer a relação com atitudes de
encorajamento, elogios e reconhecimento, criando assim uma atmosfera de boa
vontade e bem estar. E, quando a equipe não tem um bom desempenho, cada um deve
fazer uma análise de seu trabalho a fim de melhorar, sendo responsável com as
tarefas e obrigações de cada um, pois disso depende o rendimento da equipe. Na
verdade, os próprios atletas devem zelar pelo bem estar do trabalho em equipe,
buscando sempre a eliminar comportamentos prejudiciais, mobilizando-se na busca
de soluções diante de conflitos, tendo sempre em mente que, a dedicação e o
empenho são contagiosos dentro de um grupo, de modo a criar um clima de
trabalho e esforço, o que torna um time forte nas adversidades.
E, ao
clube, espera-se que potencialize a cultura de trabalho em equipe,
tenha conhecimento da importância da coesão interna, estabeleça critérios para
a escolha da comissão técnica e jogadores, de modo a valorizar aspectos do
capital humano que permitam desenvolver um bom trabalho, onde haja respeito
mútuo entre todas as partes envolvidas no processo.
Isso posto,
pode-se concluir que construir a coesão interna exige, por parte de todos os
envolvidos, um comprometimento com as propostas de trabalho, um agir
responsável, uma dedicação e esforços constantes movidos por uma forte intenção
de se fazer o melhor pelo bem da equipe e de seu rendimento.
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