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domingo, 15 de janeiro de 2012

RESENHA SOBRE O ARTIGO DE OSCAR GONZÁLEZ FIGUEIRAS: ‘COHESIÓN DE EQUIPO’.





REFLEXÃO CRÍTICA



A leitura deste artigo é instigante, interessante, motivadora e colocada de forma muito compreensível e abrangente, de forma a contemplar a coesão interna sob  todos os seguimentos que compõem, digamos, uma instituição, onde a coesão é pensada a partir de diferentes níveis de percepção e entendimento. 

O autor, Oscar González Figueiras, especialista em Educação física, licenciado em Ciências da Atividade Física e do Esporte, se propôs a discorrer sobre a coesão, movido pelo fato de fazer parte de uma equipe de futsal já há um bom tempo. Portanto, escreveu sobre um assunto  de que gosta, é de seu interesse, tem muitas vivências em trabalhos de grupo e, ficou claro que seus conhecimentos e experiências contribuíram para que este artigo abordasse de forma muito inteligente a coesão interna de um grupo de jogadores de futsal, mas que pode ser aplicada a qualquer grupo de trabalho em  diferentes instituições. 

Inicio com um antigo ditado popular: “A UNIÃO FAZ A FORÇA”. Tão antigo e, ao mesmo tempo, tão atual e verdadeiro. Uma verdadeira equipe torna-se como uma célula, dividindo o mesmo objetivo, mesmos valores, regras, caminhando juntos a fim de cumprir com a tarefa que lhe é proposta enquanto célula, como se fossem uma coisa só, onde genes diferentes se unem e se entrelaçam para formar uma unidade que passa a possuir uma identidade singular, que lhe distingue dos demais grupos. 

A coesão, segundo Oscar, é construída no dia a dia de trabalho coletivo, sendo que construí-la requer conhecimentos e recursos técnicos, onde não basta somente a boa vontade e a preocupação dos membros da equipe. Na verdade, trata-se de um longo processo, que deve ser planejado e que vai se desenvolvendo aos poucos, envolvendo a coordenação dos responsáveis pelo clube, o treinador e os próprios atletas. 

As instituições, de um modo geral, estão se voltando para a filosofia do trabalho em equipe, como um sistema de produção e gestão. 

Digamos que um dos aspectos vitais para se construir a coesão é possuir uma boa liderança e, na sua ausência, dificilmente grupos irão tornar-se equipes autênticas. Então podemos pensar, mas o que se entende por liderar?...em que consiste a coesão interna?.. 

Coesão interna, segundo o artigo se define como: 

·         el campo total de fuerzas que actúa sobre los miembros de un grupo para que permanezcan en él" (Festinger, Schacter y Back, 1950). 

·         "el proceso dinámico que se refleja en la tendencia grupal de mantenerse juntos y permanecer unidos en la persecución de sus objetivos y metas" (Carron, 1982). 

Existem muitos grupos, porém pouquíssimas equipes. Segundo Oscar, apesar de um número reduzido de estudos em relação ao desempenho esportivo, de uma forma geral, há uma relação positiva entre a coesão da equipe e o êxito esportivo em esportes onde se faz necessário a cooperação. Se tem observado, por exemplo, que quando existe coesão interna, há um maior esforço do grupo na realização das metas coletivas, maior envolvimento e maior pontualidade de seus membros, uma maior satisfação pessoal dos componentes da equipe e uma maior estabilidade quanto a estrutura e a organização do grupo. 

Na sua experiência como jogador de futsal, Oscar relata dois momentos de sua vivência como atleta, a qual considero importante trazer, pois ao meu ver, contempla de maneira satisfatória a diferença crucial entre GRUPO e EQUIPE, vejamos como age uma equipe: ‘cada jogador sabia o que seu companheiro ia fazer muito antes da sua realização. Podíamos ajudar melhor uns aos outros, pois já sabíamos onde cada um podia falhar, assim nos antecipávamos ao seu erro, de forma a ajudá-lo, o que repercutia positivamente nos resultados da equipe’. Agora sua experiência em um grupo: “este ano se pode apreciar uma importante falta de sentimento grupal dentro do vestiário, onde cada um vai por sua conta, não existe essa ajuda mútua da qual falávamos antes, e cada um se importa bem pouco se seu companheiro faz bem ou mal.” 

Oscar faz as seguintes perguntas, que considero muito eficazes para que se possa interagir junto aos grupos á que nos propomos trabalhar como psicólogos esportivos: como se traduz a coesão na dinâmica interna do grupo?...Que efeitos tem a coesão interna sobre o grupo e seus membros, sobre a relação entre eles e sobre o trabalho pelos objetivos comuns á equipe? 

Entende-se que coesão e rendimento se retroalimentam entre si, uma relação em que a coesão interna favorece o rendimento e, este, por sua vez, potencializa a coesão da equipe. 

Podemos citar algumas características que fazem parte da coesão, entre elas: compartilhar  e aceitar os objetivos propostos para a equipe; comunicação clara; aceitação das normas que organizam o trabalho e a convivência interna da equipe; perseverança nas dificuldades, buscando soluções coletivamente  evitando críticas; a satisfação pessoal  está diretamente relacionada com a coesão da equipe; indivíduos de uma equipe sentem-se mais motivados para o trabalho e ao esforço quando existe coesão interna; quanto maior a coesão em uma equipe, mais difícil será seus membros abandonarem esta equipe. 

E, como inimigos da coesão interna, podemos citar: o individualismo, onde jogadores disputam entre si qual é o melhor; pouca aceitação dos objetivos; falta de clareza acerca dos papéis dentro do grupo; ausência de normas claras; problemas na comunicação; muita troca de seus membros; diferentes líderes, disputa pela liderança; incompatibilidade de personalidades.  

A coesão de uma equipe não é tão fácil de se construir, pois depende de muitos fatores, além do mais, depende de um nível de consciência e do engajamento de todos os envolvidos no processo, ou seja, clube (instituição), equipe técnica, atletas. 

O treinador, no seu papel de liderança, é também um educador e um motivador, suas atitudes e comportamento são essenciais para estabelecer um bom ambiente de trabalho, o qual deve conhecer bem seus jogadores, potencializar no vestiário uma cultura de trabalho em equipe, resolver conflitos, ter reuniões freqüentes, estabelecer uma boa comunicação entre todos os membros da equipe, ter na pessoa do capitão um mediador que reforce sua própria autoridade junto aos jogadores, deixar bem claro a função de cada um no grupo, bem como a sua importância para o êxito da equipe, observando sempre a evolução da dinâmica interna, estando atento a tudo que acontece entre seus jogadores e, uma série de outros requisitos fundamentais a um líder, mas que não é o foco deste trabalho. 

Aos jogadores cabe respeitar as diferenças individuais e estabelecer um clima de empatia entre eles, desenvolvendo uma atitude de apoio mútuo, evitando as críticas e censuras, a fim de fortalecer a relação com atitudes de encorajamento, elogios e reconhecimento, criando assim uma atmosfera de boa vontade e bem estar. E, quando a equipe não tem um bom desempenho, cada um deve fazer uma análise de seu trabalho a fim de melhorar, sendo responsável com as tarefas e obrigações de cada um, pois disso depende o rendimento da equipe. Na verdade, os próprios atletas devem zelar pelo bem estar do trabalho em equipe, buscando sempre a eliminar comportamentos prejudiciais, mobilizando-se na busca de soluções diante de conflitos, tendo sempre em mente que, a dedicação e o empenho são contagiosos dentro de um grupo, de modo a criar um clima de trabalho e esforço, o que torna um time forte nas adversidades. 

E, ao clube, espera-se que potencialize a cultura de trabalho em equipe, tenha conhecimento da importância da coesão interna, estabeleça critérios para a escolha da comissão técnica e jogadores, de modo a valorizar aspectos do capital humano que permitam desenvolver um bom trabalho, onde haja respeito mútuo entre todas as partes envolvidas no processo. 

Isso posto, pode-se concluir que construir a coesão interna exige, por parte de todos os envolvidos, um comprometimento com as propostas de trabalho, um agir responsável, uma dedicação e esforços constantes movidos por uma forte intenção de se fazer o melhor pelo bem da equipe e de seu rendimento.

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